No Nordeste do território nacional, integrado no distrito de Bragança, o concelho de Mogadouro faz fronteira com Espanha ao longo do rio Douro. Encaixado entre o vale profundo do Douro e a bacia do Sabor, ocupa o prolongamento do Planalto Mirandês que, por sua vez, dá seguimento ao Planalto Leonês (região de Zamora e Salamanca).
Em toda a zona mais próxima do rio Douro alternam-se os grauvaques e os granitos, apresentando-se estes, ora em grandes blocos, ora sob a forma de areão proveniente da sua desagregação. O relevo, é constituído por uma sucessão de colinas onde predominam os xistos grauváquicos interrompidos por alguns afloramentos quartzíticos, que se elevam na paisagem formando serras. Já a Sul abundam os xistos pardos, que também são dominantes na bacia do Sabor. Estes solos, e as características do clima, proporcionam um coberto vegetal abundante e diversificado, que atribui à paisagem um manto de belíssimas colorações que se alteram com as estações do ano.
Os Invernos são, aqui, relativamente rigorosos, sobretudo na zona central do concelho, mais sujeita aos ventos do que as zonas protegidas do vale do Douro e da Bacia do Sabor. As zonas mais elevadas, a Sul e Sudoeste, sujeitas a alguma influência atlântica, são mais húmidas, razão porque se encontra a Sul o castanheiro e a Sudoeste o carvalho cerquinho. O verão, relativamente curto, surge quente e seco. A primavera e o Outono, frescos e bem demarcados, emprestam à paisagem a beleza das cores matizadas dos matos floridos de branco, amarelo e violáceo ou das folhosas outonais em tons de cobre e ferrugem. Na riqueza do coberto vegetal, é bem patente, ao longo de todo o ano, o cruzamento dso climas continental e mediterrânico, com alguma influência atlântica.
Neste contexto de diversidade e beleza paisagística vive uma população eminentemente rural, cujas principais actividades são a agricultura e a pecuária. Aqui cultiva-se o olival, a vinha, o trigo e algum centeio, as hortas junto às linhas de água e a castanha mais para o Sul. Na pecuária, o destaque vai para o gado bovino, actualmente sobretudo na produção de leite. Quanto à carne, salientamos a qualidade do gado Mirandês que deu origem, na gastronomia, à já célebre Posta Mirandesa. Para além do gado bovino, os caprinos e os ovinos assumem, também, neste concelho, uma relativa importância nas economias familiares, produzindo carne, lã e leite. Da origem remota desta população laboriosa, conhecem-se vestígios arqueológicos que nos fazem recuar até ao Neolítico. Quanto à história mais recente deste concelho, não podemos deixar de lembrar a importância do papel desempenhado pelas praças fortes de Mogadouro e Penas Roías na defesa da fronteira contra as invasões castelhanas, tendo constituído, por isso, e dada a sua localização, um apoio precioso na formação a nossa nacionalidade.
Concelho eminentemente rural, de uma beleza agreste e doce, povoado de gente sã, afável e laboriosa, herdeira de um carácter nobre e de uma história rica e antiga, assim poderíamos caracterizar este pedaço do território nacional.
Situado no Nordeste Transmontano, no Planalto Mirandês, entre os Rios Douro e Sabor.
Limitado pelos concelhos de Vimioso, Miranda do Douro, Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, e Freixo de Espada à Cinta e pelos Ayuntamientos ribeirinhos do Douro, de Salamanca e Zamora.
Concelho extenso, 760,6 Km2, com 21 freguesias, 56 povoações, com 9.025 habitantes. Altura máxima de 992m na Serra da Castanheira, e uma altitude média de 700m. Dista 85 Km da capital de distrito - Bragança.
O Concelho de Mogadouro apresenta um povoamento antigo que pode ser recuado aos tempos pré-históricos. A documentar essa ocupação estão os povoados do Barrocal/Alto e do Cunho, os monumentos megalitcos de Pena Mosqueira, Sanhoane, Barreiro, Modorra, a arte riupestre da Fraga da Letra, em Penas Roias, e outros achados dispersos que encontramos na Sala Museu de Arqueologia da Vila.
Concelho cuja economia assenta na agropecuária. A agricultura de jardim complementa os rendimentos de muitas familias. O sector leiteiro com produções diárias superiores a 100.000 litros é um esteio de economia do concelho. O azeite do vale do Sabor, as uvas do vale do Douro, a cortiça, a lã, o mel, os enchidos, a carne mirandesa certificada e outros fazem a riqueza do concelho de Mogadouro.
D. Afonso III concedeu-lhe o primeiro foral em 1272, renovou-o no ano seguinte. Em 1512, D. Manuel outorgou-lhe foral de novo. Em 20 de Novembro de 1433, a Vila de Mogadouro é doada a Álvaro Pires de Távora passando a estar desde então, associada à familia dos Távoras. Os Távoras iniciaram uma ascensão notável e, alcançando o titulo de Marqueses, assumiram um papel importante e einfluente na região.
Na vila de Mogadouro é indispensável uma visita ao seu centro histórico onde encontramos o Castelo de Mogadouro, a igreja Matriz de origem românica, apesar de ter sido substituida pelo templo que hoje podemos apreciar no centro da vila, a igreja da Misericórdia, o pelourinho, o Solar dos Pegados e o Convento de S. Francisco, contíguo à igraja com o mesmo nome, cuja fundação remete para as primeiras décadas do século XVII e se deve a D. Luis Álvares de Távora.
Dispersos pelo concelho, os castros, as igrejas com origens românicas como Algosinho e Azinhoso, os pelourinhos, e as próprias construções tradicionais que podemos descobrir pelas aldeias do concelho são marcas indeléveis de um património vasto e extremamente rico.